Para a OAB/SE, privatização da DESO é questionável juridicamente
“A intenção do Governo Federal de colocar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social à frente de organização e da captação do procedimento de privatização nos estados brasileiros é de constitucionalidade duvidosa, porque nós vivemos em um país em que estados e municípios têm sua autonomia jurídica, política, administrativa e econômica”, asseverou.
Para Henri Clay, o projeto do Governo Federal via BNDES encurrala os estados com uma chantagem velada e oficializada, no sentido de que, para receber verbas federais, os estados terão que obrigatoriamente privatizar, no caso de Sergipe, não só a DESO, mas também o BANESE, bem como não mais conceder aumento aos servidores públicos e não mais fazer concurso público.
“
Debate aberto
Em uma discussão sobre a viabilidade técnica e jurídica da privatização da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO, juristas, especialistas, parlamentares, membros da sociedade civil organizada e representantes de entidades jurídicas sergipanas e de movimentos sociais e sindicais do Estado colocaram em debate as consequências sociais e econômicas da medida.
De acordo com o especialista no assunto, o engenheiro Aberlado de Oliveira Filho, um dos palestrantes da audiência pública, há um processo mundial contra a desestatização dos serviços de saneamento básico em cidades e municípios onde os serviços foram privatizados.
“Esse processo fez até com que o Banco Mundial entendesse que as privatizações fracassaram e não conseguiram atingir a tão protelada universalização”, contou. “O Governo Federal e o Governo de Sergipe estão na contramão da história. Quando o Governo tem compromisso e prioriza a sociedade, é possível uma empresa pública prestar um serviço de qualidade”, disse.
Para ele, a audiência pública foi extremamente importante porque oportunizou o entendimento de que a privatização é extremamente nefasta para a população de Sergipe. “As pessoas saíram daqui com mais informação e conhecimento de que o saneamento é direito humano fundamental, um elemento vital à vida das pessoas e não pode ser privatizado”.
Já o presidente do SINDISAN, Sérgio Passos, afirmou que a privatização da Companhia é motivo de grande preocupação.
“A DESO é uma empresa que tem um cunho social muito grande. Além da demissão dos trabalhadores, a privatização gerará a falta de acesso às tarifas sociais, que são pagas por 60% dos sergipanos. Somos contrários à privatização da DESO. A água é um bem essencial que deve ser universalizado e não transformado em mercadoria. Os trabalhadores dessa categoria precisam estar unidos numa mobilização que traga o conjunto da população para o nosso lado”, argumentou Sérgio.
(Com informações da Ascom/OAB-SE)