Saneamento é vida
Antes de ser um conjunto de ações, saneamento básico é um direito fundamental de todos os cidadãos. O saneamento é indispensável para o desenvolvimento social e econômico do Brasil, pois permite à população viver com mais qualidade de vida, sobretudo para a saúde infantil com a redução da mortalidade infantil. O Saneamento básico é essencial para melhorar a Educação, para preservar os recursos hídricos, para fomentar o turismo sustentável, para garantir a saúde do povo brasileiro.
A lei 11.445/07 estabelece as diretrizes nacionais de saneamento básico no Brasil. O saneamento é composto por serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo de águas pluviais. Dados do sistema nacional de informações sobre saneamento (SNIS) de 2015 apontam que 50,3% da população brasileira têm acesso à coleta de esgoto, porém 100 milhões de brasileiros não têm acesso a este serviço. No que se refere ao tratamento de esgoto, a região Norte é a que apresenta os piores índices, com apenas 16,42% de esgoto tratado. O Nordeste tem 32,11% de tratamento de esgoto. A região que apresenta a melhor situação é o Centro-Oeste, com 50,22% de esgoto tratado, porém a média desse serviço não atinge nem a metade da população. Em Sergipe a coleta de esgoto atende a 34,80% da população. Já o tratamento de esgoto em nosso estado alcança apenas 24,66% dos sergipanos, porém a rede de abastecimento de água nos traz números menos frustrantes, com 84,29% da população atendida. (Fonte: Organização Mundial da Saúde/UNICEF)
Até 2018 todos os municípios brasileiros devem ter seus planos municipais de saneamento elaborados, sob pena de não poderem receber recursos federais para investimentos na área de saneamento. O plano é um instrumento que auxilia os municípios na identificação problemas, no diagnóstico de demandas e aponta alternativas na execução da política de saneamento. O plano deve contemplar as populações urbanas e rurais, promovendo ações em todos os eixos que compõem saneamento básico. Enquanto muitos municípios não elegem o saneamento como uma política prioritária, outros já poderiam estar mais avançados nessa área, a exemplo dos municípios sergipanos que arrecadam royalties oriundos da exploração de petróleo. Pirambu, Japaratuba e Carmópolis, todos localizados no Leste sergipano, são exemplos de arrecadação, mas não têm nenhuma referência quanto ao investimento desses recursos em saneamento, visando promover a qualidade de vida de suas populações.
A partir de 2003, após a eleição do presidente Lula a política de saneamento no Brasil ganhou contornos mais democráticos, tanto na dimensão dos investimentos, como na qualificação dos gastos. O PAC Saneamento lançado em 2007 tinha a previsão orçamentária de R$ 40 bilhões para serem investidos. Entre 2007 e 2015 foram investidos 154,26 bilhões, com a conclusão de 1.058 obras que levaram água e esgoto a 50 milhões de brasileiros. No ano passado a Campanha da Fraternidade coordenada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) teve o saneamento como um dos seus focos, evidenciado a necessidade de investimentos em políticas públicas que elevem a qualidade de vida do povo.
2016 também foi o ano em que a ONU editou uma resolução aprovada em sua Assembleia Geral em que reconhecia o saneamento básico como um direito humano, dada a importância desse direito na vida de milhões de pessoas no mundo. À época, a Organização das Nações Unidas alertava para o número alarmante de mais de 2,5 bilhões de pessoas no planeta que vivem sem acesso a banheiros e sistema de esgoto adequados. Embora seja comum ouvirmos que gestores públicos não priorizam o saneamento porque são obras pouco visíveis, as políticas de saneamento básico deveriam ser prioridade absoluta de todos os entes federados. Como já foi afirmado, o saneamento contribui com a urbanização das cidades, com a saúde pública, com a preservação das nossas riquezas naturais, com o desenvolvimento socioeconômico, contribui, antes de tudo, com a promoção da qualidade de vida.
Elder Muniz é cientista social e estudante de direito.