Cohidro: doação de patrimônio?

Escrito por Assessoria de Comunicação Publicado .

A Rádio Peão da COHIDRO está tinindo! Nos corredores, o que se comenta é que alguém autorizou a recuperação de um caminhão Munck e mais dois carros menores que estavam parados há muito tempo.

Se fosse para serem utilizados pela própria COHIDRO a atitude seria louvável. E necessária, já que a companhia está precisando.

Acontece que, segundo a Rádio Peão, esses veículos estão sendo recuperados para serem doados a uma prefeitura do interior! Mas como assim? Quem autorizou essa doação e por quê para uma "determinada" prefeitura? Isso beneficia alguém?

Entendemos que esses veículos são patrimônio da COHIDRO e precisam ser recuperados para uso próprio, já que a companhia precisa para as suas atividades diárias. Caso essas doações se concretizem, o SINDISAN vai procurar o Ministério Público para intervir. Está dado o aviso.

SINDISAN convoca trabalhadores da DESO para construção da pauta do ACT 2016/17

Escrito por Assessoria de Comunicação Publicado .

No próximo dia 30/7, o SINDISAN realizará uma assembleia geral com os trabalhadores da DESO para a preparação da pauta de reivindicações a ser entregue à direção da Companhia (confira o edital ao lado).

Por deliberação da categoria, este ano o sindicato entregará a pauta com dois meses de antecedência.

Esperamos que a direção da DESO comece as negociações o mais breve possível para ter que negociar tantas diferenças, como aconteceu com o atual Acordo Coletivo de Trabalho.

É muito importante a presença de todos os companheiros e companheiras da DESO para que possamos construir o melhor para os trabalhadores.

A maioria do setor de saneamento do país tem sua data-base no mês de maio. Em função disso, muitos sindicatos estão tendo dificuldades nas negociações dos acordos coletivos.

Temos a informação de que estão acontecendo algumas paralisações e até sindicato que está adotando o instrumento da greve para tentar algum avanço nas negociações.

A desculpa das companhias – e há sempre uma desculpa quando o assunto é avanço para os trabalhadores – é a velha crise na economia, agora mais forte que nunca na visão dos analistas pró-capital de plantão.

Mas ninguém lembra que esta crise, como todas as outras, não foi criada pelos trabalhadores, e, portanto, não temos que pagar essa conta!

VAMOS À LUTA! JUNTOS SOMOS MAIS FORTES!

Seminário nacional aponta ameaça de privatizações no setor de saneamento

Escrito por George W. Silva | Ascom/Sindisan Publicado .

A cidade de Aracaju recebeu, dias 11 e 12 de julho, o 2º Seminário Nacional de Saneamento, promovido pelo SINDISAN e pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU). O evento aconteceu no Hotel Real Classic, na orla de Atalaia, e contou com a participação de representantes de 12 estados que debateram a ameaça de privatização do setor de saneamento do Brasil, seja pelo avanço das Parcerias Público-Privadas (PPP's) e agora com a possibilidade de federalização das companhias de saneamento dentro do programa de renegociação das dívidas dos estados com a União.

Em todas as palestras do evento, ficou evidenciado que nunca o setor de saneamento esteve tão ameaçado quanto agora, momento em que um governo golpista, encabeçado por Michel Temer, mesmo na interinidade, vem adotando políticas severas de desmonte da máquina pública e entrega do patrimônio público, como também vem arrochando ainda mais os trabalhadores, que veem a cada dia os seus direitos e conquistas históricas ameaçados pelo programa de Estado mínimo de Temer e seu grupo.

O presidente do SINDISAN, Sérgio Passos, avaliou como muito positivo o resultado do Seminário, por trazer experiências de outros estados na luta contra as PPP's e contra a privatização das empresas e companhias públicas de saneamento.

“Sem dúvida, trazer para o nosso estado esse debate, num momento em que a nossa companhia de saneamento, a DESO, se vê ameaçada de federalização, que pode dar em privatização, foi muito importante. Conseguimos trazer companheiros de vários outros estados onde também convivem com os mesmos problemas que temos por aqui, e cada um pôde trazer um pouco das suas experiências e da luta que estão travando na defesa do saneamento como um serviço público essencial para a população”, disse.

Ainda segundo Sérgio, tudo o que foi apresentado e debatido durante o Seminário servirá para instrumentalizar a luta do sindicato para enfrentar, junto com os trabalhadores, qualquer ameaça de federalização e privatização da DESO.

“Vamos construir um plano de lutas e dar encaminhamentos ao que foi discutido aqui. Precisamos dialogar não só com os trabalhadores, mas com toda a sociedade sergipana, no sentido de mostrar que a DESO, sendo privatizada, a população tem muito a perder, principalmente a mais carente. Vamos também procurar fazer um trabalho junto às Câmaras de Vereadores e à Assembleia Legislativa do Estado para mostrar a importância de defender a DESO como patrimônio do povo sergipano e assegurar que ela continue pública”, explicou Passos.

Ameaça real

Para Pedro Blois, presidente da FNU, a ameaça ao setor de saneamento é real e impõe aos sindicatos urbanitários de todo o país a tarefa constante de dialogar com a população sobre essa ameaça e a falácia do discurso de que, privatizados, os serviços de água e esgotamento sanitário ficarão melhores.

“Já estamos vendo, em todo o país, o avanço das PPP's no setor de saneamento e a ameaça de privatização das nossas companhias. A iniciativa privada quer avançar mais 30% sobre as concessões de água e esgoto. Isso é muito preocupante, porque hoje elas já estão em cerca de 15% dos serviços municipalizados de saneamento. Com mais 30%, eles passariam a controlar 45% do setor”, apontou.

Para Blois, o Brasil está indo na contramão da maioria dos países que, ou já tem assegurado o controle do setor de saneamento como bem público, ou estão reestatizando o setor.

“Estamos indo na contramão do resto do mundo, onde países e cidades que privatizaram seu setor de saneamento estão retomando o controle, pela municipalização ou  reestatização de companhias, em nível de Estado. Temos, recentemente, o caso de Paris, onde a Prefeitura retomou o controle dos serviços de água e esgotos, depois de 20 anos nas mão de uma empresa privada que não conseguiu oferecer bons resultados. Que isso sirva de exemplo para os nossos governos”, declarou Blois.

Sindicalistas rechaçam PPP's, federalização e privatização no setor de saneamento e defendem fortalecimento da gestão pública

Escrito por George W. Silva | Ascom/Sindisan Publicado .

O 2º Seminário Nacional de Saneamento, realizado pelo SINDISAN/SE e pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), foi encerrado ontem (12), com três palestras e a plenária final. O evento, que aconteceu no Hotel Real Classic, em Aracaju (SE), reuniu dirigentes de sindicatos urbanitários de todo o país, estudantes e representações de parlamentares e de sindicatos de outras categorias interessados em debater o tema ‘PPP's e a Federalização do Saneamento’.

Na palestra de abertura do último dia, o engenheiro Abelardo de Oliveira Filho, que também já foi presidente da Empresa de Águas e Saneamento da Bahia (Embasa) e secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, abordou exatamente o tema 'As PPP's e Federalização do Saneamento'. Traçando um panorama do que vem sendo apresentando de projetos pelo atual governo interino de Michel Temer, Abelardo apontou a sistemática por trás do velho discurso de modernização da equipe de Temer para, na verdade, se retomar o programa de privatizações em todos os setores estratégicos da era Fernando Henrique Cardoso.

“Estão retomando o velho Programa Nacional de Desestatização do FHC, não só para o setor de saneamento, mas em todas as áreas estratégicas para o país. É o mesmo projeto criminoso, conhecido como Privataria Tucana, que entregou, a preço de banana, a nossa Vale do Rio Doce, empresas de energia e telecomunicações e bancos públicos. Temos que estar prontos para denunciar isso à sociedade e resistir”, enfatizou.

Abelardo também reforçou a nova onda de federalização que pode vir nesta atual conjuntura, em face do Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016, do governo federal, que estabelece o Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal. O projeto abre a possibilidade da venda de ativos de empresas e companhias estatais na renegociação de dívidas dos estados com a União.

“Estados como o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pará, São Paulo e, segundo a imprensa  e os colegas do SINDISAN, Sergipe já começaram a analisar ativos que poderiam entrar nesse programa. Então são iniciativas, assim com o crescente número de parcerias público-privadas que já estão em andamento no setor de saneamento que nos preocupam, porque quem mais tem a perder é a população, em especial, os mais pobres, que deixarão de ter acesso mais barato a serviços públicos essenciais, como o de água e de esgotamento sanitário”, alertou o palestrante.

Diante do cenário difícil de desmonte das companhias e empresas públicas de saneamento de todo o país e dos ataques aos serviços públicos, Abelardo trouxe a experiência exitosa do período em que esteve à frente da Embasa, de 2006 a 2014. Em 2006, ele e sua equipe receberam a empresa apresentando mais de R$ 1 bilhão de resultado negativo; oito anos depois, a Embasa já apresentava lucro de R$ 46,9 milhões, com ampliação de direitos e ganhos para os trabalhadores da Embasa.

“Fizemos uma gestão pautada pela eficiência, modernização e a busca pela excelência na qualidade dos serviços. Por que empresa pública não pode ser excelente e dar lucro? Pode sim, e nos provamos isso. Basta o compromisso do governante com a oferta de melhores serviços à população e dos gestores com a empresa. E um detalhe: pela primeira vez, nos 45 anos da Embasa, seus sete diretores foram técnicos da casa, porque o governador Jaques Wagner nos deu essa prerrogativa. Então, quando se tem compromisso com as pessoas e se evita que as empresas públicas sejam usadas politicamente, no mau sentido, é possível se fazer uma gestão eficiente”, destacou o engenheiro.

Contra as PPP's

Na segunda exposição do dia, o secretário de Saneamento da CNU e coordenador do Observatório de Saneamento Básico da Bahia, Pedro Romildo, tratou do tema “Luta e resistência dos trabalhadores contra as PPP's'. Ele fez um apanhado geral sobre todos os documentos e legislações que colocam a água como um direito humano e o saneamento básico também como um direito e dever fundamental do indivíduo e da coletividade, além de um serviço público essencial e, portanto, dever do Estado.

“A água não pode ser vista como mercadoria ou servir como fonte de lucro para investidores e empresas privadas. Um bem essencial às pessoas não pode estar nas mãos do setor privado. E, neste momento, não podemos aceitar o retorno do projeto defendido nas décadas de 70, 80 e 90, que defendia que a universalização do saneamento no Brasil só seria possível transferindo esses serviços para o setor privado. É isso que o atual governo interino quer. Nós vimos aqui que as empresas privadas que já controlam concessões no Brasil, cerca de 5%, não investem quase nada na ampliação e melhoria dos serviços, e quando investe, é dinheiro público e dos trabalhadores, dinheiro do BNDES e do FGTS”, apontou.

Romildo lembrou que mais de duzentas grandes cidades do mundo, a exemplo de Paris, e vários países, como a Itália, desprivatizaram o setor de saneamento a partir da mobilização da população contra o modelo privado, que não respondeu à promessa de ampliação e melhora dos serviços, ao passo que seus lucros eram cada vez maiores e as tarifas cada vez mais elevadas.

“A Bolívia é um caso bastante claro, onde a empresa americana Bechtel celebrou um contrato de concessão com o governo (de Cochabamba) onde uma das cláusulas proibia a população até mesmo de captar a água das chuvas. Ou seja, privatizaram até mesma água de chuva. A tarifa subiu de tal forma que as pessoas não podiam pegar. Foi preciso o povo ir às ruas, enfrentar a repressão do exército boliviano. Várias pessoas morreram até que o governo teve que voltar atrás. A Bechtel foi expulsa da Bolívia e uma empresa pública foi criada. Esse episódio brutal ficou conhecido como 'A guerra das águas'”, relatou o sindicalista.

Ainda de acordo com Romildo, o atual governo brasileiro está indo na contramão da maioria dos países e cidades do mundo que hoje reconhecem a importância de ter suas águas e a gestão do saneamento sob controle estatal, inclusive diante da problemática da crescente escassez de água potável no mundo, a ponto de especialista já alertarem que as próximas guerras não serão motivadas por petróleo, mas por água.

“É preciso lembrar que o Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo. Precisamos salvaguardar essa riqueza para o nosso povo. É bom lembrar também que nós nunca tivemos uma política nacional para setor de saneamento. Somente depois do governo Lula é que começamos a estruturar o setor e que os investimentos efetivamente chegaram. Temos desafios? Temos. Mas também temos a certeza de que quem resolverá os problemas dos serviços de universalização da oferta de água e de esgotamento no nosso país será o setor público”, defendeu o palestrante.

Para Romildo, o desafio posto ao movimento sindical dos urbanitários é reconhecer que há deficiências na prestação de serviços das companhias estaduais, mas que é perfeitamente possível melhorar a gestão e a qualidade desses serviços, apontando sempre que a saída para solução dos problemas existentes não passa por PPP's, federalização ou privatização.

“Em oposição a esse modelo privatista, defendemos a recuperação das empresas públicas de saneamento, a flexibilização dos mecanismos de acesso a recurso, e maior agilidade na sua liberação para os operadores públicos de saneamento”, enfatizou o secretário de Saneamento da FNU.

Desafios para os trabalhadores

Já em sua exposição, o ex-presidente do SINDISAN e da CUT-SE, Antônio Carlos da Silva Góis, falou sobre os desafios frente às PPP's e a possível federalização da DESO, da qual é funcionário há 32anos. Para Góis, a partir de tudo que foi exposto e discutido nos dois dias de seminário, o movimento sindical dos urbanitários precisa fazer um esforço para sair do discurso e ir para prática. Segundo ele, diante dos avanços do discurso privatista do governo interino de Temer, com tudo o que foi acumulado com as experiências e lutas dos últimos anos, os trabalhadores precisam se organizar para a luta e atuar nos vários campos da sociedade para reverter o quadro.

“O cenário político e econômico é dos mais adversos, mas muito em parte como resultado de um modelo que poderia ter sido combatido e modificado nos anos em que tivemos governos um pouco mais alinhados com os trabalhadores. Isso não aconteceu e hoje estamos enfrentando todos esses problemas, com o avanço da direita privatista que vem atacando, sistematicamente, os direitos conquistados pelos trabalhadores”, analisou.

Para Góis, no combate a essa onda de privatização e ataques aos seus direitos, os trabalhadores, organizados, precisam interferir nos mais diversos fóruns, levando e defendendo as suas propostas e alertando para o risco que representam as PPP's, a federalização ou a venda direta do setor de saneamento brasileiro para o capital privado.

“É fundamental que os trabalhadores, através de discussões como a que tivemos aqui, se instrumentalizem e se apropriem das informações que temos para que, no campo da disputa, seja ela ideológica ou meramente técnica, sejam de fato vitoriosos”, disse.

O ex-sindicalista também reforçou a necessidade de combate ao governo interino de Temer, que, se vitorioso no processo de impeachment aberto contra a presidenta Dilma Rousseff, resgatará, na íntegra, o Programa Nacional de Desestatização de FHC para transferir ao setor privado órgãos e funções do Estado.

“Tem essa questão do impeachment, sobre a qual os trabalhadores não podem ficar alheios e precisam enfrentar. Afinal, Temer e seu grupo representam os setores empresariais e do capital, nacionais e internacionais, que querem exatamente se apossar não só do setor de saneamento, mas de outros setores estratégicos para o país” apontou.

Por fim, Antônio Góis lembrou que, diante do fato de a titularidade da água, pela Constituição Federal, ser do ente municipal, é importante que os trabalhadores e os seus sindicatos também ficarem atentos ao processo de eleições municipais que se aproxima.

“É um desafio que temos que pôr na ordem do dia. Para enfrentarmos essa onda privatista, temos que procurar inserir nos programas dos candidatos a cargos municipais o seu compromisso com a defesa do saneamento como instrumento de saúde pública e de caráter social que não pode ser privatizado, porque é de interesse de toda a sociedade e não de empresas privadas”, enfatizou Góis.



Seminário rechaça PPP's, federalização e privatização no setor de saneamento e defende fortalecimento da gestão pública

 

 

O 2º Seminário Nacional de Saneamento, realizado pelo SINDISAN/SE e pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), foi encerrado nesta terça-feira, 12/7, com três palestras e a plenária final. O evento, que aconteceu no Hotel Real Classic, em Aracaju (SE), reuniu dirigentes de sindicatos urbanitários de todo o país, estudantes e representações de parlamentares e de sindicatos de outras categorias interessados em debater o tema ‘PPP's e a Federalização do Saneamento’.

Na palestra de abertura do último dia, o engenheiro Abelardo de Oliveira Filho, que também já foi presidente da Empresa de Águas e Saneamento da Bahia (Embasa) e secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, abordou exatamente o tema 'As PPP's e Federalização do Saneamento'. Traçando um panorama do que vem sendo apresentando de projetos pelo atual governo interino de Michel Temer, Abelardo apontou a sistemática por trás do velho discurso de modernização da equipe de Temer para, na verdade, se retomar o programa de privatizações em todos os setores estratégicos da era Fernando Henrique Cardoso.

Estão retomando o velho Programa Nacional de Desestatização do FHC, não só para o setor de saneamento, mas em todas as áreas estratégicas para o país. É o mesmo projeto criminoso, conhecido como Privataria Tucana, que entregou, a preço de banana, a nossa Vale do Rio Doce, empresas de energia e telecomunicações e bancos públicos. Temos que estar prontos para denunciar isso à sociedade e resistir”, enfatizou.

Abelardo também reforçou a nova onda de federalização que pode vir nesta atual conjuntura, em face do Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016, do governo federal, que estabelece o Plano de Auxílio aos Estados e ao Distrito Federal e medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal. O projeto abre a possibilidade da venda de ativos de empresas e companhias estatais na renegociação de dívidas dos estados com a União.

Estados como o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pará, São Paulo e, segundo a imprensa e os colegas do SINDISAN, Sergipe já começaram a analisar ativos que poderiam entrar nesse programa. Então são iniciativas, assim com o crescente número de parcerias público-privadas que já estão em andamento no setor de saneamento que nos preocupam, porque quem mais tem a perder é a população, em especial, os mais pobres, que deixarão de ter acesso mais barato a serviços públicos essenciais, como o de água e de esgotamento sanitário”, alertou o palestrante.

Diante do cenário difícil de desmonte das companhias e empresas públicas de saneamento de todo o país e dos ataques aos serviços públicos, Abelardo trouxe a experiência exitosa do período em que esteve à frente da Embasa, de 2006 a 2014. Em 2006, ele e sua equipe receberam a empresa apresentando mais de R$ 1 bilhão de resultado negativo; oito anos depois, a Embasa já apresentava lucro de R$ 46,9 milhões, com ampliação de direitos e ganhos para os trabalhadores da Embasa.

Fizemos uma gestão pautada pela eficiência, modernização e a busca pela excelência na qualidade dos serviços. Por que empresa pública não pode ser excelente e dar lucro? Pode sim, e nos provamos isso. Basta o compromisso do governante com a oferta de melhores serviços à população e dos gestores com a empresa. E um detalhe: pela primeira vez, nos 45 anos da Embasa, seus sete diretores foram técnicos da casa, porque o governador Jaques Wagner nos deu essa prerrogativa. Então, quando se tem compromisso com as pessoas e se evita que as empresas públicas sejam usadas politicamente, no mau sentido, é possível se fazer uma gestão eficiente”, destacou o engenheiro.

Contra as PPP's

Na segunda exposição do dia, o secretário de Saneamento da FNU e coordenador do Observatório de Saneamento Básico da Bahia, Pedro Romildo, tratou do tema “Luta e resistência dos trabalhadores contra as PPP's'. Ele fez um apanhado geral sobre todos os documentos e legislações que colocam a água como um direito humano e o saneamento básico também como um direito e dever fundamental do indivíduo e da coletividade, além de um serviço público essencial e, portanto, dever do Estado.

A água não pode ser vista como mercadoria ou servir como fonte de lucro para investidores e empresas privadas. Um bem essencial às pessoas não pode estar nas mãos do setor privado. E, neste momento, não podemos aceitar o retorno do projeto defendido nas décadas de 70, 80 e 90, que defendia que a universalização do saneamento no Brasil seria possível transferindo esses serviços para o setor privado. É isso que o atual governo interino quer. Nós vimos aqui que as empresas privadas que já controlam concessões no Brasil, cerca de 5%, não investem quase nada na ampliação e melhoria dos serviços, e quando investe, é dinheiro público e dos trabalhadores, dinheiro do BNDES e do FGTS”, apontou.

Romildo lembrou que mais de duzentas grandes cidades do mundo, a exemplo de Paris, e vários países, como a Itália, desprivatizaram o setor de saneamento a partir da mobilização da população contra o modelo privado, que não respondeu à promessa de ampliação e melhora dos serviços, ao passo que seus lucros eram cada vez maiores e as tarifas cada vez mais elevadas.

A Bolívia é um caso bastante claro, onde a empresa americana Bechtel celebrou um contrato de concessão com o governo (de Cochabamba) onde uma das cláusulas proibia a população até mesmo de captar a água das chuvas. Ou seja, privatizaram até mesma água de chuva. A tarifa subiu de tal forma que as pessoas não podiam pegar. Foi preciso o povo ir às ruas, enfrentar a repressão do exército boliviano. Várias pessoas morreram até que o governo teve que voltar atrás. A Bechtel foi expulsa da Bolívia e uma empresa pública foi criada. Esse episódio brutal ficou conhecido como 'A guerra das águas'”, relatou o sindicalista.

Ainda de acordo com Romildo, o atual governo brasileiro está indo na contramão da maioria dos países e cidades do mundo que hoje reconhecem a importância de ter suas águas e a gestão do saneamento sob controle estatal, inclusive diante da problemática da crescente escassez de água potável no mundo, a ponto de especialista já alertarem que as próximas guerras não serão motivadas por petróleo, mas por água.

É preciso lembrar que o Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo. Precisamos salvaguardar essa riqueza para o nosso povo. É bom lembrar também que nós nunca tivemos uma política nacional para setor de saneamento. Somente depois do governo Lula é que começamos a estruturar o setor e que os investimentos efetivamente chegaram. Temos desafios? Temos. Mas também temos a certeza de que quem resolverá os problemas dos serviços de universalização da oferta de água e de esgotamento no nosso país será o setor público”, defendeu o palestrante.

Para Romildo, o desafio posto ao movimento sindical dos urbanitários é reconhecer que há deficiências na prestação de serviços das companhias estaduais, mas que é perfeitamente possível melhorar a gestão e a qualidade desses serviços, apontando sempre que a saída para solução dos problemas existentes não passa por PPP's, federalização ou privatização.

Em oposição a esse modelo privatista, defendemos a recuperação das empresas públicas de saneamento, a flexibilização dos mecanismos de acesso a recurso, e maior agilidade na sua liberação para os operadores públicos de saneamento”, enfatizou o secretário de Saneamento da FNU.

Desafios para os trabalhadores

Já em sua exposição, o ex-presidente do SINDISAN e da CUT-SE, Antônio Carlos da Silva Góis, falou sobre os desafios frente às PPP's e a possível federalização da DESO, da qual é funcionário há 32anos. Para Góis, a partir de tudo que foi exposto e discutido nos dois dias de seminário, o movimento sindical dos urbanitários precisa fazer um esforço para sair do discurso e ir para prática. Segundo ele, diante dos avanços do discurso privatista do governo interino de Temer, com tudo o que foi acumulado com as experiências e lutas dos últimos anos, os trabalhadores precisam se organizar para a luta e atuar nos vários campos da sociedade para reverter o quadro.

O cenário político e econômico é dos mais adversos, mas muito em parte como resultado de um modelo que poderia ter sido combatido e modificado nos anos em que tivemos governos um pouco mais alinhados com os trabalhadores. Isso não aconteceu e hoje estamos enfrentando todos esses problemas, com o avanço da direita privatista que vem atacando, sistematicamente, os direitos conquistados pelos trabalhadores”, analisou.

Para Góis, no combate a essa onda de privatização e ataques aos seus direitos, os trabalhadores, organizados, precisam interferir nos mais diversos fóruns, levando e defendendo as suas propostas e alertando para o risco que representam as PPP's, a federalização ou a venda direta do setor de saneamento brasileiro para o capital privado.

É fundamental que os trabalhadores, através de discussões como a que tivemos aqui, se instrumentalizem e se apropriem das informações que temos para que, no campo da disputa, seja ela ideológica ou meramente técnica, sejam de fato vitoriosos”, disse.

O ex-sindicalista também reforçou a necessidade de combate ao governo interino de Temer, que, se vitorioso no processo de impeachment aberto contra a presidenta Dilma Rousseff, resgatará, na íntegra, o Programa Nacional de Desestatização de FHC para transferir ao setor privado órgãos e funções do Estado.

Tem essa questão do impeachment, sobre a qual os trabalhadores não podem ficar alheios e precisam enfrentar. Afinal, Temer e seu grupo representam os setores empresariais e do capital, nacionais e internacionais, que querem exatamente se apossar não só do setor de saneamento, mas de outros setores estratégicos para o país” apontou.

Por fim, Antônio Góis lembrou que, diante do fato de a titularidade da água, pela Constituição Federal, ser do ente municipal, é importante que os trabalhadores e os seus sindicatos também ficarem atentos ao processo de eleições municipais que se aproxima.

É um desafio que temos que pôr na ordem do dia. Para enfrentarmos essa onda privatista, temos que procurar inserir nos programas dos candidatos a cargos municipais o seu compromisso com a defesa do saneamento como instrumento de saúde pública e de caráter social que não pode ser privatizado, porque é de interesse de toda a sociedade e não de empresas privadas”, enfatizou Góis.

 

 

“É preciso fazer uma auditoria séria das dívidas dos estados e da União”, defende dirigente da FNU

Escrito por George W. Silva | Ascom/Sindisan Publicado .

“Uma coisa é dizer que os estados devem; a outra é saber quanto deve, como e onde esses recursos foram aplicados e a quem beneficiou. Não existe a devida transparência em relação ao que chamamos Sistema da Dívida, que tem transformado nossa realidade de abundância e riqueza em um cenário de escassez que só favorece a interesses do setor financeiro privado e grandes monopólios privados nacionais e internacionais. É urgente realizar uma auditoria da dívida com participação social”.

A análise é de Arilson Wünsch, diretor da Federação Nacional dos Urbanitários – FNU e do SINDIAGUA-RS, em palestra realizada na manhã desta segunda-feira (11), na abertura do 2º Seminário Nacional de Saneamento, realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgotos de Sergipe – SINDISAN e pela FNU. O evento reúne, no Hotel Real Classic, em Aracaju (SE), dirigentes de sindicatos urbanitários de todo o país que estão debatendo o tema ‘As PPP's e a Federalização do Saneamento’.

Para Arilson, uma auditoria da dívida pública dos estados e da União torna-se vital diante da perspectiva de aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 257/2016, do Governo Federal, que estabelece medidas de estímulo ao reequilíbrio fiscal, prorrogando o prazo para pagamento de dívidas dos estados e Distrito Federal com a União. Além de cortar direitos do funcionalismo público e outros gastos sociais, um dos pontos polêmicos do projeto, que pode entrar na pauta de votação da Câmara dos Deputados a qualquer momento, é o que abre a possibilidade de o Governo Federal aceitar que os estados levem adiante processos de privatização de empresas estatais para o abatimento dos seus débitos com a União.

“O PLP 257/2016 é uma falácia. Querem enganar a população e os trabalhadores com a história de que querem ser bonzinhos com os estados. Com a renegociação das dívidas e a venda de empresas estatais para abatimento dessa dívida, serviços essenciais serão passados para a iniciativa privada e nenhum empresário é Madre Tereza de Calcutá, ele não vai querer fazer caridade com o seu dinheiro. Então, resta a sociedade abrir o olho, porque estaremos entregando um bem que é de todos – a água – e, lá na frente, pondo em risco a nossa soberania e as nossas vidas”, alerta Wünsch.

Auditoria séria e cidadã

Para Wünsch, uma auditoria independente e com participação social da dívida pública daria uma real noção do quanto cada estado realmente deve e evitaria a “queima” de ativos públicos para pagar débitos que podem nem mais existir. Como exemplo ele coloca o caso do Rio Grande do Sul, onde vive. Segundo ele, há pouco mais de uma década, o estado devia R$ 8 bilhões, pagou cerca de R$ 22 bilhões no período e ainda deve R$ 52 bilhões.

“Hoje, nós devemos mais que o dobro do que já pagamos e seis vezes mais do que o valor da dívida inicial renegociada. É algo absurdo. Portanto, antes de entregar qualquer empresa pública para pagar dívida, é preciso fazer uma auditoria séria e cidadã para vermos se realmente devemos e quanto devemos. O cidadão comum, às vezes, entra na Justiça para tentar renegociar a dívida de um veículo quando entende que está pagando demais. E quando a Justiça pede uma auditoria dessa dívida, descobre-se, geralmente, que o cidadão estava certo e que o banco cobrou mais do que deveria. O cidadão acaba ganhando”, exemplifica.

“Pois eu acredito que o país e os estados não devem tanto quanto se diz. Fazendo uma auditoria, descobriremos se os recursos que são consumidos apenas para pagar juros dessas dívidas são mesmo necessários. Da União, são cerca de 46% de tudo que se arrecada anualmente. Nenhuma família, como também nenhum governo, consegue sobreviver pagando tanto juros. Precisamos provocar esse debate com a população. A classe política e os sindicatos precisam fazer esse debate nos estados”, provoca Arilson.

O sindicalista trouxe números recentes das dívidas dos estados, relativas a janeiro de 2016. No levantamento, Sergipe aparece na 20ª posição, com uma dívida pública estimada em R$ 907.103.804,20.

“Não é das maiores e, sinceramente, não vejo porque entregar uma companhia de saneamento como a Deso, que presta um serviço essencial à população, para pagar essa dívida. Perdem os trabalhadores e, principalmente, a sociedade, porque estarão entregando serviços básicos de água e esgotamento sanitário, portanto, de saúde, ao grande capital, a investidores privados. Esse pessoal só quer vender, ter lucro, e as nossas empresas estatais de saneamento não trabalham com essa ótica. Somos ambientalistas, defensores dos serviços públicos e da vida. Água é vida, é um bem de todos e não pode jamais ter dono”, sustenta.

Conjuntura

Também na manhã desta segunda-feira, os dirigentes urbanitários presentes ao seminário acompanharam as análises das conjuturas nacional e internacional feitas pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Sergipe, Rubens Marques, o Professor Dudu. Ele tratou do tema "Ataques às conquistas da Classe Trabalhadora: o desmonte e a privatização do Setor de Saneamento".

 

CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DO SEGUNDO DIA:

Dia 12 de julho de 2016

- 08h às 08h15 – Mesa de abertura

- 08h15 às 10h45 – Seminário:

Mesa 1 - As PPP's e Federalização do Saneamento | Palestrante: Abelardo de Oliveira Filho

Mesa 2 - Luta e resistência dos trabalhadores contra as PPP's | Palestrante: Pedro Romildo – Secretário Nacional de Saneamento da CNU

Mesa 3 - Os desafios frente às PPP's | Palestrante: Antônio Carlos da Silva Góis

10h45 às 11h – Intervalo

11h às 12h30 – Debate final e apresentação de propostas